Parlamento Europeu reclama 300 mil euros ao antigo eurodeputado francês Jean-Marie Le Pen por despesas indevidas
O Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF) considera que o antigo líder da extrema-direita francesa, Jean-Marie Le Pen, foi indevidamente reembolsado por várias despesas durante o seu mandato entre 2009 e 2018, incluindo garrafas de vinho, relógios e óculos de realidade virtual.
O Parlamento Europeu vai reclamar mais de 300 mil euros a Jean-Marie Le Pen, fundador do partido Le Front National, o partido liderado pela sua filha Marine Le Pen e Jordan Bardella. Durante o seu mandato, Le Pen foi indevidamente reembolsado por despesas com canetas, cartões de visita, gravatas,
guarda-chuvas, balanças de cozinha, relógios de secretária, pulseiras
conectadas, óculos de realidade virtual e 129 garrafas de vinho, de acordo com um relatório do Organismo Europeu de Luta Antifraude..
Foram faturadas indevidamente despesas à instituição europeia no âmbito da "rúbrica orçamental 400" do Parlamento Europeu, destinada a cobrir "as despesas administrativas e de funcionamento dos grupos políticos e do
secretariado dos deputados não-inscritos” e aquelas “ligadas às atividades políticas e de informação no âmbito das actividades políticas da União
Europeia”.
No entanto, o regulamento determina que os reembolsos "não podem ser utilizados para financiar qualquer tipo de campanha eleitoral europeia, nacional, regional ou local" nem "para a aquisição de bens imóveis ou de veículos". O OLAF constatou que muitos dos boletins informativos tinham sido "copiados e colados" de textos de acesso livre e que foram sobrefaturados "em relação ao trabalho efetivamente realizado para os produzir", segundo um excerto do relatório publicado pelo jornal Mediapart em março de 2022.
Numa decisão de 8 de julho, enviada a Jean-Marie Le Pen mas não tornada pública, o secretário-geral do Parlamento Europeu reclamou-lhe o pagamento de 303.200,99 euros. O antigo eurodeputado da extrema-direita francesa apresentou um recurso contra esta decisão junto do Tribunal Geral da União Europeia, de acordo com o seu advogado, François Wagner.
Questionado pela Agência France Presse, o Parlamento Europeu explicou que a "administração do Parlamento é obrigada, sempre que recebe indicações sérias de que os fundos foram pagos
indevidamente, a verificar se o caso em questão está em conformidade com
as regras administrativas financeiras aplicáveis, a solicitar
esclarecimentos ao deputado em causa e a recuperar o dinheiro
indevidamente pago se não for fornecida qualquer prova de despesas
conformes". E acescentou que, "este procedimento não substitui qualquer processo judicial ou inquérito".
c/agências
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